Categoria: Existencialistas

Existencialistas

  • Navalhadas Curtas – Infectando-se de Amor

    Navalhadas Curtas – Infectando-se de Amor

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]A emoção e a sensibilidade tocante nos encontra onde menos se espera.
    Fui buscar comida no horário de meio dia, nestes dias de pandemia forte na cidade.

    Estou paramentado de máscara, álcool, medo e os cambau. Fila respeitando distanciamento social.
    Dentro da lei.

    Então o casal jovem chega à fila, percebe-se que o amor ali ainda tenro como uma flor orvalhada.
    Eles conversam baixinho entre suas máscaras da mesma cor, a fila não anda, eles trocam carinhos e gestos sensíveis e o romance está irresistivelmente no ar.

    Sou um expectador entre outros 13.
    Então eles não se resistem naquele frenesi de momento: começam a se beijar sem tirar as mascaras, com línguas encarceradas umedecendo as proteções pandêmicas.

    A fila anda, estou com fome e era a minha vez.

    Narrei este fato ontem para o Tio Fabio enquanto ele fumava seu cigarro de palha, ele apenas disse:
    -Não há tempo para o amor meu filho.

    Fio da Navalha.

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • Navalhadas Curtas – Máscara e o Cigarrão

    Navalhadas Curtas – Máscara e o Cigarrão

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]Navalhadas Curtas – Máscara e o Cigarrão

    O pitoresco é a comedia dos incautos.
    Eu o vi ainda pouco, ele trafegava lentamente em uma bicicleta rendida nas imediações do Big, lançava sua fumaça blue como uma locomotiva humana antiga, rua oxigênio, liberdade e nuvens.
    Jamais julgo nada ou ninguém.

    Então prestei mais atenção ao nosso maquinista e percebi que ele estava de máscara amarela e o cigarro como um efeito magico encontrava seus lábios misteriosamente… é claro meu caro Watson, ele fez um pequeno buraco na máscara.

    Prazer e proteção devem andar juntos.
    Comentei o fato com o tio Fabio, que com sua rara percepção da vida e do universo disse-me:
    -Todos nos protegemos de acordo com nosso entendimento em um momento, em um momento…

    Fio da Navalha

    .[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • Mestre | Nelson Rodrigues

    Mestre | Nelson Rodrigues

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  • Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]Em meu breve intervalo, sentei-me uma praça próxima ao serviço. Sentia fome de respirar gente.

    Levei o Velho(Bukowski – Livro O Amor é um Cão dos Diabos) comigo. Queria sorver seus poemas duros. Ter o prazer de remover suavemente a armadura que os envolve a todo momento.

    Então deleitar-me em minha solitude voluntária.
    Um velho negro senta-se próximo a mim neste instante. Tinha o cheiro de vida. Cheiro da miséria, da fome, sujeira, um forte aroma de mijo.

    Olhei-o de canto de olho. Segui lendo. Notei assim mesmo, que seus olhos estava cravados em mim, com a boca semiaberta e um ar algo bestial.
    Talvez ele quisesse algo?
    Grana, uma cachaça? Fragmentos de minha humanidade?
    Ou a merda com tudo isso, baboseira repetitiva repleta de ausência e significado. Imitar bondade.

    O olhar ainda cravado em mim. Então sorri dizendo:
    -Vou ler algo pra ti.

    Ele sorriu e acedeu com a cabeça. Então li um poema do Velho, curto, áspero e cheio de alma, começava assim: “ás vezes sou amargo, mas no geral o sabor tem sido doce. É apenas que tenho medo de dize-lo. Amor é doloroso e bom ao mesmo tempo…”

    Quando termino a leitura, aqueles olhos ainda me olhavam, uma boca sem dentes fazia o ensaio de um sorriso. E tudo que ele disse antes de ir embora foi:

    -Esse cara é bom…esse cara é bom…

    E foi embora com o vento, fiquei ali. Ganhei minha tarde, talvez meu dia talvez. Ás vezes algo bom nos envolve, e toda miséria fica longe, bem longe.

    L.F.

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  • Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    Texto – L.F

    Em meu breve intervalo, sentei-me uma praça próxima ao serviço. Sentia fome de respirar gente.

    Levei o Velho(Bukowski – Livro O Amor é um Cão dos Diabos) comigo. Queria sorver seus poemas duros. Ter o prazer de remover suavemente a armadura que os envolve a todo momento.

    Então deleitar-me em minha solitude voluntária.
    Um velho negro senta-se próximo a mim neste instante. Tinha o cheiro de vida. Cheiro da miséria, da fome, sujeira, um forte aroma de mijo.

    Olhei-o de canto de olho. Segui lendo. Notei assim mesmo, que seus olhos estava cravados em mim, com a boca semiaberta e um ar algo bestial.
    Talvez ele quisesse algo?
    Grana, uma cachaça? Fragmentos de minha humanidade?
    Ou a merda com tudo isso, baboseira repetitiva repleta de ausência e significado. Imitar bondade.

    O olhar ainda cravado em mim. Então sorri dizendo:
    -Vou ler algo pra ti.

    Ele sorriu e acedeu com a cabeça. Então li um poema do Velho, curto, áspero e cheio de alma, começava assim: “ás vezes sou amargo, mas no geral o sabor tem sido doce. É apenas que tenho medo de dize-lo. Amor é doloroso e bom ao mesmo tempo…”

    Quando termino a leitura, aqueles olhos ainda me olhavam, uma boca sem dentes fazia o ensaio de um sorriso. E tudo que ele disse antes de ir embora foi:

    -Esse cara é bom…esse cara é bom…

    E foi embora com o vento, fiquei ali. Ganhei minha tarde, talvez meu dia talvez. Ás vezes algo bom nos envolve, e toda miséria fica longe, bem longe.

    L.F.

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  • O Fio da Literatura – Aprendendo

    O Fio da Literatura – Aprendendo

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]O Fio da Literatura – Aprendendo

    TRECHO…

    ” Depois voltei para casa. A tarde começava a refrescar. Eu estava com fome. Claro, só tinha no estômago um chá, uma fatia de melão e um café.

    Em casa comi um pedaço de pão com outro chá. Já estava me acostumando com muitas coisas novas na minha vida. Estava me acostumando com a miséria. A encarar as coisas como elas são.

    Treinava para abandonar o rigor, porque senão não sobreviveria. Sempre vivi carente de alguma coisa. Inquieto,querendo tudo de uma vez, lutando rigorosamente por algo mais.

    Estava aprendendo a não ter tudo de uma vez. A viver quase sem nada. Caso contrário, continuaria com a minha visão trágica da vida.
    Por isso agora a miséria não me afetava tanto.”

    Pedro Juan Gutierrez

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • Fio da Literatura – Animal Tropical

    Fio da Literatura – Animal Tropical

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]“Subo as escadas pouco a pouco. Estou morto de tanto rum. Aí caramba, agora me lembro, que não comi nada!

    No sétimo andar, bato na porta de Glória. Várias vezes, por fim ouço alguém vindo e perguntando:” Quem é?” .”Pedro Juan”.
    Abrem a porta.
    É a mãe de Glória.

    Pergunto:” E Gloria?”.

    A velha bloqueia a porta e me diz, hesitante, um pouco nervosa.
    -Ela não sabia que você vinha hoje…são três da manhã.
    -E daí? -Bom, é que…
    -Me deixe passar.
    -Não, é que…
    -Me deixe passar. Ela está com alguém no quarto.
    -Fale baixo que vai acordá-la. E você sabe como ela é.
    -Não falo baixo porra nenhuma! Me deixe passar.

    Nesse atropelo, Gloria sai do quarto, meio dormindo:

    -Que zona é essa?
    -Zona porra nenhuma. É sua mãe que não me deixa passar.
    Atrás de Gloria sai um homem do quarto. De cueca. Quando o vejo me gela o sangue. É branco, de baixa estatura, e peludo como um urso. Deve ter a minha idade. Talvez um pouco mais.
    Fico sem saber o que dizer. Paralisado. É como se todo o prédio caísse em cima da minha cabeça. Dou meia volta e continuo subindo a estada até a cobertura.

    A porta se fecha atrás de mim. Me sinto o sujeito mais cachorro e humilhado do mundo. Abro a porta com os olhos rasos água.

    Quem é idiota a ponto de se apaixonar por uma puta?
    Um homem de minha idade tem de agir com mais prudência. Pensar um pouco mais. Quando porra vou aprender a não me apaixonar? Me joguei na cama sem tirar os sapatos, repetindo para mim mesmo:” É preciso manter a distância, Pedro Juan, é preciso manter a distância.”

    Animal Tropical – Pedro Juan Gutierrez.

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