Categoria: Existencialistas

Existencialistas

  • O Fio da Literatura  |  Charles  Bukowski

    O Fio da Literatura | Charles Bukowski

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]

    “e quando vejo fotos do meu presidente ou ouço ele falar, me dá impressão de ser um palhação descomunal, uma criatura insípida, feita de estuque, com poder de decidir sobre a minha vida, as minhas chances e as de tudo o que é gente.
    E não consigo entender. […] pode-se afirmar, praticamente, que foi a nossa falta de dignidade que colocou esse homem onde ele está – todo país tem o presidente que merece.”
    Charles Bukowski – Fábulario Geral do Delírio Cotidiano

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • O Fio da Poesia  |  Nada acontece duas vezes

    O Fio da Poesia | Nada acontece duas vezes

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]

    Nada acontece duas vezes
    e nunca acontecerá.
    Nascemos sem experiência,
    morreremos sem rotina.
    Mesmo se fôssemos os alunos mais desajeitados
    do mundo na escola,
    nunca mais revisaremos
    nenhum verão ou inverno.
    Nenhum dia se repete,
    não há duas noites iguais,
    dois beijos que dariam o mesmo,
    dois olhares nos mesmos olhos.
    Ontem alguém dizia
    seu nome na minha presença,
    como se uma rosa de repente caísse
    pela janela aberta.
    Hoje, quando estamos juntos,
    viro o rosto para a parede.
    Rosa? Como está a rosa?
    É flor? Ou talvez pedra?
    E por que você, hora ruim,
    se enreda em um medo inútil?
    Você é, porque você está passando,
    você vai passar – isso é lindo.
    Sorrindo, nos abraçando,
    procuremos nos encontrar,
    mesmo que sejamos diferentes
    como duas gotas d’água.
    Wislawa Szymborska

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • O  Fio da Literatura  |  João Ubaldo Ribeiro

    O Fio da Literatura | João Ubaldo Ribeiro

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]

    “ A mesma técnica de despertar a consciência deve ser aplicada ao caos, bem menos fáceis de achar , em que a mulher resiste seriamente a ideia de ir para cama com outra mulher, nesse ponto as mulheres se beneficiaram do machismo que mitificou as tranas entre mulheres e lhes conferiu um status estético fajuto, muito superior a do homossexualismo masculino. Tanto isso não é natural que durante muito tempo acontecia o contrário na Grécia, acontecia na Roma, antinatural uma conversa, empulhação conciliar, brochura calvinista, veadagem anglicana enrustida, tudo isso e o resto que conhecemos. As mulheres, mesmo as mais quadradinhas, há muito tempo se livraram das culpas por haverem transado com amiguinhas na infância, nem lembram, a sociedade faliforme não dá a menor importância a essas coisas, não são nem transgressões interessantes.
    Nada disso, na verdade, foi apenas outra conferencia, elas me pegam desprevenida. Eu apenas queria mostrar como arrumei o esquema invejável com Paulo Henrique e como fiz dele um homem completo. Já tinha contribuído para muitos casos desses, continuo a contribuir, até com a ajuda dele, mas ele foi total, foi realmente uma escultura. Não tive filhos, mas tive algo que de mais meu, duvido que alguém pudesse ter feito de um filho o que fiz dele, nunca. J era obra para encerrar minha vida. Mas, felizmente, minha vida não se circunscreveu a isso, foi dedicada a minha missão, e eu levei essa missão a consequências possíveis e imagináveis, com uma dedicação que nunca esmoreceu. Eu fiz o bem a muita gente, muita gente, e cheguei ao ponto de dizer isso com orgulho, apenas com contentamento. Eu já falei muito em Deus aqui fica difícil dizer que alguém acredita em Deus e fala tanto de sacanagem. Minha resposta é como se eu dissesse:” desculpe, assim não dá pra conversar”.
    Eu serei a voz de Satanás, sem dúvida. Mas, não, lamento dizer-lhes; lamento mesmo, porque sei que isso vai fazer muitos sofrerem mais do que no inferno, mas eu sou a voz de Deus. Não só porque sou mesmo a voz de Deus. Não sou profeta, muito menos o Messias, mas sou a voz Dele como na teofania do livro de Jó – Onde estáveis, quando Ele criou as fêmeas e os machos e lhes deu como misturar-se livremente uns com os outros? Onde estáveis quando Ele criou todos os mistérios que levam ao Desejo e a tesão e tornam sublimes os abraços?
    Onde estáveis, quando Ele criou as ânsias imortais que agora forcejais por sacrilegamente abafar e matar?
    Onde estais, depois que ELE vou deu o poder do prazer inocente e agora cuspis nesse poder e pretendeis que vossas palavras valham mais que as Dele?
    Eu sou a voz de Satanás, Satanás odeia a luxuria, não é invenção dele, assim como a Bondade. Tanto uma quanto a outra, Satanás usa solertemente para seus fins malévolos. Eu sou a voz d Deus, sou uma das vozes de Deus, eu não estou maluca. Ou por outra, posso estar como qualquer um pode estar, o que faz com que a palavra perca o sentido.
    Eu nunca blasfemei, jamais saiu da minha boca uma blasfêmia, uma queixa contra Ele, só louvor. Minha doença mesmo, minha doença, antes que eu me acabe e ninguém saiba o fui. É um aneurisma no meio do cérebro, inoperável. Sempre esteve ai, só soube faz algum tempo. No começo me assustei, mas não levei dois dias assustada, achei que será uma boa morte, provavelmente rápida. Já deixei instruções para doarem o que puder ser doado e tocarem fogo no resto e socarem as cinzas onde quiserem.
    Mas não era uma boa razão para eu me maldizer e blasfemar? “
    Extraído da obra : A Casa dos Budas Ditosos – LUXÚRIA
    Autor: João Ubaldo Ribeiro
    COLEÇÃO PLENOS PECADOS.

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • Fio da Literatura | O Contraponto

    Fio da Literatura | O Contraponto

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]

    Refinados vícios…
    “…ele tinha sempre escolhido o pior caminho, tinha feito coisas perversas, cultivado deliberadamente as suas piores tendências .
    Era com a devassidão que ele distraia os seus ócios sem fim. Estava se vingando dela, e de si mesmo também, por ter sido tão estupidamente feliz e bom. Agia assim por despeito dela, por despeito de si mesmo, e por despeito de Deus.
    Esperava que houvesse um inferno para onde ir e lamentava a sua incapacidade de acreditar na existência dele. Enfim, houvesse ou não inferno, era satisfatório, era mesmo excitante naqueles primeiros tempos sabes que se estava fazendo algo de mau e de errado. Mas há na devassidão alguma coisa tão intrinsecamente monótona, algo tão absoluta e desesperadamente triste, que só os seres raros, dotados duma dose de inteligência muito inferior á habitual e de muito mais apetite do que o vulgar, podem continuar a gozar ativamente o vício e a acreditar na sua maldade.
    A maioria dos devassos é devassa não porque goste da devassidão, mas sim porque sente mal estar quando se priva dela. O hábito transforma os gozos esquisitos em necessidades monótonas e cotidianas. O homem que adquiriu o hábito das mulheres ou da bebida, de fumar ópio ou suportar flagelação, acha tão difícil viver sem os seus vícios como viver sem pão e água, mesmo quando a pratica do vicio se possa ter tornado em si mesma tão despida de sensação como comer uma côdea de pão ou beber um copo de água da pena. O hábito é tão fatal para o sentimento da prática do mal como para o gozo ativo. Depois de alguns anos o judeu convertido ou cético e o hindu ocidentalizado podem comer carne de porco e carne de boi com uma serenidade que para os seus irmãos ainda crentes parece brutalmente cínica. Passe-se o mesmo com o devasso habitual. As ações que a principio se afiguram emocionantes, excitantes na sua maldade intrínseca ,tornam-se, depois de um certo número de repetições, moralmente neutras.
    Um pouco desgostantes, talvez, porque a prática da maioria dos vícios é seguida de reações fisiológicas deprimentes; mas que já não são “más”, porque se fizeram costumeiras.
    É difícil uma rotina dar a impressão de maldade. Privado gradualmente, pelo hábito de seu gozo ativo e também de seu sentimento de fazer o mal(sentimento que tinha sempre uma parte integrante de seu prazer)voltara-se numa espécie de desespero para os refinamentos correspondentes as sensações .Dá-se justamente o contrario, quanto mais refinado é um vicio na sua extravagância estudada, quanto mais anormal e raro é ele, tanto mais monótona e desesperadamente vazia de emoção se torna sua pratica, se torna a sua vida.
    O excessivo refinamento estético e intelectual corre o risco de se cobrado um tanto caro, á custa de alguma estranha degeneração emotiva, pelas baixezas compensatórias do comportamento humano, e por vezes humano demais.
    Aldous Huxley | Contraponto.

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • O Fio da Literatura | Filosofia na Alcova

    O Fio da Literatura | Filosofia na Alcova

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]

    ” Convencei-vos em sua escola que, só estendendo
    a esfera de seus gostos e de suas fantasias, só sacrificando tudo a volúpia, o infeliz individuo denominado homem, jogado a contragosto neste triste universo conseguirá semear algumas rosas sobre os espinhos da vida”.
    Marques de Sade.

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • O Fio da Literatura | Contraponto

    O Fio da Literatura | Contraponto

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]

    A dor de cada um, é única.
    “Há dores confessáveis, sofrimentos de que nos podemos positivamente orgulhar. A perda de um ente que nos é caro, a partida, o sentimento do pecado, o medo da morte – de tudo isso os poetas já falaram com eloqüência .Tais dores se impõe a simpatia do mundo.
    Mas há também angustias vergonhosas, não menos cruciantes do que as outras e da quais , no entanto, o paciente não ousa nem pode falar. A angustia do desejo contrariado, por exemplo.
    Essa era a angustia que Walter carregava consigo pela rua. Era dor, raiva, desapontamento, vergonha e desespero combinado. Ele tinha a impressão de que a sua alma estava em agonia de morte.
    E, no entanto, a causa era inconfessável, baixa e mesmo ridícula.
    Suponhamos que um amigo então o encontrasse e lhe perguntasse por que ele tinha um ar tão infeliz. Responderia – Eu estava em colóquio amoroso com uma mulher quando fui interrompido, primeiro pelos gritos dum papagaio e depois pela chegada duma visita.
    O comentário a essa confissão seria uma gargalhada enorme de zombaria. E a sua confissão se converteria numa anedota de sala.
    E, no entanto, Walter não estaria sofrendo mais se tivesse perdido sua mãe…”
    O Contraponto | Aldous Huxley

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • Pérola do dia : Nelson Rodrigues

    Pérola do dia : Nelson Rodrigues

    [vc_row][vc_column][vc_single_image image=”21402″ img_size=”1280×720″ title=”Pérola do dia : Nelson Rodrigues”][/vc_column][/vc_row]