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Olhares
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[vc_row][vc_column][vc_single_image image=”20992″ img_size=”1280X720″ title=”Pérola do Dia | Nelson Rodrigues”][/vc_column][/vc_row]
[vc_row][vc_column][vc_single_image image=”20913″ img_size=”1280×720″ title=”Rumo ao centenário do Clube Cultural Fica Ahí Prá Ir Dizendo!”][/vc_column][/vc_row]
[vc_row][vc_column][vc_single_image image=”20461″ img_size=”1920×1080″ title=”Pérola do dia: Insofismável Nelson Rodrigues.”][/vc_column][/vc_row]
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[vc_row][vc_column][vc_column_text]Realmente não sei estou na hora certa e no lugar errado ou no lugar errado mas na hora certa. Acabo assistindo os atos deploráveis da humanidade. As vezes cansa.
Fui buscar o almoço no restaurante, macarrão e carne devidamente mascarado.
Pessoas caminham na rua então notei um casal feminino, vinham de mãos pareciam felizes de longe.Mas talvez não por muito tempo. Um senhor de considerável idade pára no meio do caminho onde as moças estão vindo a calçada.
Ele baixa a máscara, coloca as mãos na cintura vocifera indignado:
-Esse mundo de merda ta perdido… tudo isso é uma baixaria mesmo cadê, cadê o diabo da vergonha das pessoas?
Parei onde eu estava imediatamente.
Ele parecia que iria agredir as moças fisicamente, punhos cerrados e expressão congesta.
Elas seguiram vindo conversavam ignorando o fato. Quando estavam bem próximas que se deram conta.
O senhor no auge da fúria berra para elas:
-Suas “machorras são a vergonha da família…
Elas se assustam e imediatamente desviam dele apressando o passo, não dizem nada. Entendi na hora que o conheciam. Este senhor precisava escutar algumas verdades, acho mesmo.
Eu digo: senhor se acalme…
Ele me olha e despeja: Que é? Da minha família cuido eu…vá cuidar da sua vida.
Vira de costas e segue caminhando
Pensei muitas coisas naquele momento, mas creio que ele não iria entender e eu iria perder meu tempo, era hora do almoço e eu estava com fome.
Fio da Navalha.
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[vc_row][vc_column][vc_column_text]A emoção e a sensibilidade tocante nos encontra onde menos se espera.
Fui buscar comida no horário de meio dia, nestes dias de pandemia forte na cidade.
Estou paramentado de máscara, álcool, medo e os cambau. Fila respeitando distanciamento social.
Dentro da lei.
Então o casal jovem chega à fila, percebe-se que o amor ali ainda tenro como uma flor orvalhada.
Eles conversam baixinho entre suas máscaras da mesma cor, a fila não anda, eles trocam carinhos e gestos sensíveis e o romance está irresistivelmente no ar.
Sou um expectador entre outros 13.
Então eles não se resistem naquele frenesi de momento: começam a se beijar sem tirar as mascaras, com línguas encarceradas umedecendo as proteções pandêmicas.
A fila anda, estou com fome e era a minha vez.
Narrei este fato ontem para o Tio Fabio enquanto ele fumava seu cigarro de palha, ele apenas disse:
-Não há tempo para o amor meu filho.
Fio da Navalha.
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