Categoria: Textos

  • Navalhadas Curtas: Igual a antes, mas é diferente

    Navalhadas Curtas: Igual a antes, mas é diferente

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    Estamos todos vivendo dias fantasticamente terríveis. Obrigados a evitar outros humanos ao menos presencialmente.
    Uma relação virtual é sempre virtual, existe a limitação da velocidade da internet de cada humano.
    E calor só sente bem de perto.
    Sentia fome e precisava comprar pão. Gosto de pão.
    Muito calmamente andando a pé nestes dias ensolarados me dirigi padaria.
    Não é a mesma de outro momento. É esta é outra, agora na avenida Domingos de almeida.
    Entro no local, realizo minhas compras e me dirijo ao caixa. Uma atendente por volta dos seus 40 anos, me atende sorridente – custou 22,50.
    Abro a carteira e tenho uma única nota de 50 pila. Entrego as mãos dela.
    Então percebo que está fazendo um ritual de verificação de autenticidade da nota: ela passa uma caneta, ela então fica raspando com a unha para ver se a tinta iria sair, ela levanta a nota diante de uma luz e olha se está ali a presença da marca d’água, por fim ela volta a caneta tornando a reexaminar.
    O processo demorou uns 30 segundos.
    Por fim de terminado o ritual, ela me olha nos olhos e sorri com aprovação mexendo o queixo afirmativamente.
    A fila atrás de mim aguarda.
    Então a sorridente moça me da o troco. Confiro e enquanto ela a começa a atender o próximo: Deu 12 reais.
    Ele tem nas mãos uma nota de 100 reais.
    Entendeu? Cem reais.
    Estou juntando minhas compras e fiquei esperando pra ver o que iria acontecer com uma nota de 100 reais.
    Para minha surpresa, a nota foi bem recebida, nem sequer foi olhada, ela foi direto para a gaveta do troco.
    Então eu fiquei olhando para atendente, que ficou olhando para o cara dos 100 pila que por sua vez estava me olhando. Eu era o diferente.
    Me senti em um episódio da série Atlanta.
    Lembrei disso e sorri.
    Acho que eles não entenderam coisa alguma.
    Estava com fome ao que parecia os pães estavam ótimos, o café seria muito bom.
    ps : Para quem tiver interesse a serie é Atlanta ( Netflix ) a segunda temporada e o episodio 3.

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  • Pérola do Dia | Mestre Nelson Rodrigues

    Pérola do Dia | Mestre Nelson Rodrigues

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  • Fio da Navalha  |  Homenagem a Mestra Grio Sirley Amaro

    Fio da Navalha | Homenagem a Mestra Grio Sirley Amaro

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    O dia que a Negra Pelotas chorou
    O risco que está no ar que respiramos, nas pessoas que tocamos.
    A dor de tantas perdas.
    O orgulho de ver um povo tão estigmatizados, sendo representado num tecer vivo de palavras cantadas, palavras costuradas na vida e prática de nossa estimada Mestra Grio Sirley Amaro.
    Dois mil e Vinte, ano implacável para a humanidade.
    Sentimos as crueldades do avanço da extrema direita,
    A perda de pessoas queridas,
    Ano que perdemos nossa Mestra, a representante de nossa ancestralidade.
    Uma sabedoria viva,
    Uma memória pensante, com uma sede de falar …
    Falar, falar, lembrar
    Falar, falar, cantar
    Cantar, falar, dançar …
    Fala que canta e brinca com a memória.
    Fala que muitas vezes esbarra em ouvidos moldados pela rigidez da impaciência e individualidade marcantes do projeto colonial e da modernidade que tentou aniquilar os saberes e modos de vida de tradição africana.
    Hoje, final de um outubro de primavera pandêmica, mesmo chorando, cantamos.
    Os tambores ecoaram em sua ultima homenagem.
    As flores, cores, fuxicos moldaram sua ultima imagem.
    A reza da ancestralidade entoava as palavras finais, preparando o encontro entre mundos.
    A beleza e o encantamento Odara faz a dança final corporificando Iansã no corpo em movimento.
    Hoje a Negra Pelotas parou para embalar sua passagem de retorno ao olorum.
    Carla Silva de Avila
    Primavera pandêmica 2020
    Pelotas 29/10/ 2020

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  • Pérola do Dia – Nelson Rodrigues

    Pérola do Dia – Nelson Rodrigues

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  • O Fio da Literatura  –  Odair José

    O Fio da Literatura – Odair José

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    “… eu sou romântico de essência, 24 horas eu sou romântico
    eu faço musicas de amor.
    A pessoa pra ter amor ou para uma mulher gostar de um cara
    ou se é mulher com mulher ou homem com homem, tudo é amor afinal de contas.
    O grau de intelectualidade aqui não existe
    e digo, a mesma dor de cotovelo que pedreiro sente
    o medico também sente, é só perder a mulher que ele gosta
    que ele vai chorar do mesmo jeito que o pedreiro chora.
    A diferença que o pedreiro vai chorar numa casa de merda
    e o medico vai chorar em um ap de frente para o mar.
    mas a dor é a mesma.
    Odair José.

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  • Navalhadas Curtas: Ciclofaixa Contramão

    Navalhadas Curtas: Ciclofaixa Contramão

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    Querendo ou não a nossa existência é norteada por certas regras. Naturalmente que existe a tentação de quebrá-las e isso é profundamente humano, aliás humano até demais.
    Tento sempre resolver todas as coisas humanas demais dentro da educação. Entendo que a virtude fria para solver mais serenamente as ebulições desconcertantes das emoções.
    Emoção descontrolada é sempre um problema.
    Entro no carro, estou na Felix da Cunha, ando pela direita devagar, porque gosto de andar devagar.
    Vocês sabem que existe uma ciclofaixa na Felix da Cunha, certo? Certo.
    Então andando a minha direita um homem com uma bicicleta moderna em boa velocidade… naturalmente desviando do trânsito e vindo parar no meio da Felix com o tráfego de carros.
    Não falei nada mas outros motoristas buzinando, gritando palavrões, agredindo verbalmente o cara da bicicleta que corria desafiando o trânsito em uma “contramão virtual”.
    Fui acompanhando-o ele gritava: eu vou dobrar para direita seus porras! Me deixem em paz…seu bando de filho da put&*& !
    Ele ia dobrar para a direita.
    Entendo. Estávamos na sinaleira da Tiradentes com Felix e ele parou a minha direita, então falei de boa:
    -Ei amigo… por que tu não vai pela ciclofaixa?
    -Porque é problema meu otário, vai cuida da tua vida!
    -Claro isso é certo, creio que a natureza já fez seu trabalho – respondi.
    O sinal abre e ele vai para frente do carro andando bem pelo meio não me permitindo passar ou andar um pouco mais rápido para desviar dele.
    Respirei profundamente e pensei: esse cara tem que estar com algum problema e com certeza não serei eu que vou resolver.
    Na primeira esquina dobrei e tudo acabou, simples sempre é mais fácil contornar certos problemas e seguir em silencio.
    Fio da Navalha.
    ( foto da internet – não havia créditos )

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  • O Fio da Literatura – Bagana Na Chuva

    O Fio da Literatura – Bagana Na Chuva

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    Quem é Sbórnia?
    Um sujeito que gosta de ouvir Neil Young e Cat Stevens. Que gosta de tomar cerveja barata e joga dados. Que gosta de louras e morenas um pouco, pero no mucho.
    Que assiste Ana Maria Braga comendo berinjela empanada. Sbórnia é o último guerreiro. Ele chorou quando tiraram do ar o programa Azulo Hotel do Paulão Rock and Roll.
    Gosta de Fanta Uva e dadinhos. Tem uma tatuagem no pescoço. Ele diz que é uma cobra. Não parece em todo o caso… Diz que tomou cerveja no Cervantes com o Fausto Fawcett. Eu não tenho por que duvidar de Sbórnia. Diz que dançou com James Brown quando ele veio ao Brasil. Sempre rio um pouco quando ele fala isso. Ele então faz evoluções funk pela sala.
    Eu acho ainda mais engraçado. Sbórnia se emociona ouvindo Ratos de Porão. Bate uma… gritando pela Scheila Mello.
    As vezes, quando bebe, confessa que ainda vai acabar mandando tudo a merda, e ai vai pros Estados Unidos casar com a Rosie Perez e trabalhar como figurante nos filmes do Jim Jarmusch.
    Acho que Sbórnia vai se dar bem. As vezes ele passa horas calado, afagando a cabeça do cachorro e olhando para algum lugar indefinido. Eu nunca pergunto o que ele está pensando. Acho qye as pessoas têm segredos. Ah, o nome do seu cachorro é Jack Palance.
    E não adianta chama-lo de Jack. Ele não atende. É necessário chamá-lo assim: Jack Palance”.
    Extraído da obra | Bagana na Chuva
    Autor | Mário Bortolotto.

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