Categoria: Textos

  • Navalhadas Curtas – Lésbicas e o Vô

    Navalhadas Curtas – Lésbicas e o Vô

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]Realmente não sei estou na hora certa e no lugar errado ou no lugar errado mas na hora certa. Acabo assistindo os atos deploráveis da humanidade. As vezes cansa.

    Fui buscar o almoço no restaurante, macarrão e carne devidamente mascarado.

    Pessoas caminham na rua então notei um casal feminino, vinham de mãos pareciam felizes de longe.Mas talvez não por muito tempo. Um senhor de considerável idade pára no meio do caminho onde as moças estão vindo a calçada.

    Ele baixa a máscara, coloca as mãos na cintura vocifera indignado:

    -Esse mundo de merda ta perdido… tudo isso é uma baixaria mesmo cadê, cadê o diabo da vergonha das pessoas?

    Parei onde eu estava imediatamente.
    Ele parecia que iria agredir as moças fisicamente, punhos cerrados e expressão congesta.
    Elas seguiram vindo conversavam ignorando o fato. Quando estavam bem próximas que se deram conta.

    O senhor no auge da fúria berra para elas:

    -Suas “machorras são a vergonha da família…

    Elas se assustam e imediatamente desviam dele apressando o passo, não dizem nada. Entendi na hora que o conheciam. Este senhor precisava escutar algumas verdades, acho mesmo.

    Eu digo: senhor se acalme…
    Ele me olha e despeja: Que é? Da minha família cuido eu…vá cuidar da sua vida.
    Vira de costas e segue caminhando

    Pensei muitas coisas naquele momento, mas creio que ele não iria entender e eu iria perder meu tempo, era hora do almoço e eu estava com fome.

    Fio da Navalha.

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  • Navalhadas Curtas – Infectando-se de Amor

    Navalhadas Curtas – Infectando-se de Amor

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]A emoção e a sensibilidade tocante nos encontra onde menos se espera.
    Fui buscar comida no horário de meio dia, nestes dias de pandemia forte na cidade.

    Estou paramentado de máscara, álcool, medo e os cambau. Fila respeitando distanciamento social.
    Dentro da lei.

    Então o casal jovem chega à fila, percebe-se que o amor ali ainda tenro como uma flor orvalhada.
    Eles conversam baixinho entre suas máscaras da mesma cor, a fila não anda, eles trocam carinhos e gestos sensíveis e o romance está irresistivelmente no ar.

    Sou um expectador entre outros 13.
    Então eles não se resistem naquele frenesi de momento: começam a se beijar sem tirar as mascaras, com línguas encarceradas umedecendo as proteções pandêmicas.

    A fila anda, estou com fome e era a minha vez.

    Narrei este fato ontem para o Tio Fabio enquanto ele fumava seu cigarro de palha, ele apenas disse:
    -Não há tempo para o amor meu filho.

    Fio da Navalha.

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • Navalhadas Curtas – Máscara e o Cigarrão

    Navalhadas Curtas – Máscara e o Cigarrão

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]Navalhadas Curtas – Máscara e o Cigarrão

    O pitoresco é a comedia dos incautos.
    Eu o vi ainda pouco, ele trafegava lentamente em uma bicicleta rendida nas imediações do Big, lançava sua fumaça blue como uma locomotiva humana antiga, rua oxigênio, liberdade e nuvens.
    Jamais julgo nada ou ninguém.

    Então prestei mais atenção ao nosso maquinista e percebi que ele estava de máscara amarela e o cigarro como um efeito magico encontrava seus lábios misteriosamente… é claro meu caro Watson, ele fez um pequeno buraco na máscara.

    Prazer e proteção devem andar juntos.
    Comentei o fato com o tio Fabio, que com sua rara percepção da vida e do universo disse-me:
    -Todos nos protegemos de acordo com nosso entendimento em um momento, em um momento…

    Fio da Navalha

    .[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • Mestre | Nelson Rodrigues

    Mestre | Nelson Rodrigues

    [vc_row][vc_column][vc_single_image image=”20192″ img_size=”1280 x 720″ title=”Mestre | Nelson Rodrigues”][/vc_column][/vc_row]

  • Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]Em meu breve intervalo, sentei-me uma praça próxima ao serviço. Sentia fome de respirar gente.

    Levei o Velho(Bukowski – Livro O Amor é um Cão dos Diabos) comigo. Queria sorver seus poemas duros. Ter o prazer de remover suavemente a armadura que os envolve a todo momento.

    Então deleitar-me em minha solitude voluntária.
    Um velho negro senta-se próximo a mim neste instante. Tinha o cheiro de vida. Cheiro da miséria, da fome, sujeira, um forte aroma de mijo.

    Olhei-o de canto de olho. Segui lendo. Notei assim mesmo, que seus olhos estava cravados em mim, com a boca semiaberta e um ar algo bestial.
    Talvez ele quisesse algo?
    Grana, uma cachaça? Fragmentos de minha humanidade?
    Ou a merda com tudo isso, baboseira repetitiva repleta de ausência e significado. Imitar bondade.

    O olhar ainda cravado em mim. Então sorri dizendo:
    -Vou ler algo pra ti.

    Ele sorriu e acedeu com a cabeça. Então li um poema do Velho, curto, áspero e cheio de alma, começava assim: “ás vezes sou amargo, mas no geral o sabor tem sido doce. É apenas que tenho medo de dize-lo. Amor é doloroso e bom ao mesmo tempo…”

    Quando termino a leitura, aqueles olhos ainda me olhavam, uma boca sem dentes fazia o ensaio de um sorriso. E tudo que ele disse antes de ir embora foi:

    -Esse cara é bom…esse cara é bom…

    E foi embora com o vento, fiquei ali. Ganhei minha tarde, talvez meu dia talvez. Ás vezes algo bom nos envolve, e toda miséria fica longe, bem longe.

    L.F.

    [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

  • Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]Navalhadas Curtas: Um entardecer e dois Velhos.

    Texto – L.F

    Em meu breve intervalo, sentei-me uma praça próxima ao serviço. Sentia fome de respirar gente.

    Levei o Velho(Bukowski – Livro O Amor é um Cão dos Diabos) comigo. Queria sorver seus poemas duros. Ter o prazer de remover suavemente a armadura que os envolve a todo momento.

    Então deleitar-me em minha solitude voluntária.
    Um velho negro senta-se próximo a mim neste instante. Tinha o cheiro de vida. Cheiro da miséria, da fome, sujeira, um forte aroma de mijo.

    Olhei-o de canto de olho. Segui lendo. Notei assim mesmo, que seus olhos estava cravados em mim, com a boca semiaberta e um ar algo bestial.
    Talvez ele quisesse algo?
    Grana, uma cachaça? Fragmentos de minha humanidade?
    Ou a merda com tudo isso, baboseira repetitiva repleta de ausência e significado. Imitar bondade.

    O olhar ainda cravado em mim. Então sorri dizendo:
    -Vou ler algo pra ti.

    Ele sorriu e acedeu com a cabeça. Então li um poema do Velho, curto, áspero e cheio de alma, começava assim: “ás vezes sou amargo, mas no geral o sabor tem sido doce. É apenas que tenho medo de dize-lo. Amor é doloroso e bom ao mesmo tempo…”

    Quando termino a leitura, aqueles olhos ainda me olhavam, uma boca sem dentes fazia o ensaio de um sorriso. E tudo que ele disse antes de ir embora foi:

    -Esse cara é bom…esse cara é bom…

    E foi embora com o vento, fiquei ali. Ganhei minha tarde, talvez meu dia talvez. Ás vezes algo bom nos envolve, e toda miséria fica longe, bem longe.

    L.F.

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  • O Fio da Literatura – Aprendendo

    O Fio da Literatura – Aprendendo

    [vc_row][vc_column][vc_column_text]O Fio da Literatura – Aprendendo

    TRECHO…

    ” Depois voltei para casa. A tarde começava a refrescar. Eu estava com fome. Claro, só tinha no estômago um chá, uma fatia de melão e um café.

    Em casa comi um pedaço de pão com outro chá. Já estava me acostumando com muitas coisas novas na minha vida. Estava me acostumando com a miséria. A encarar as coisas como elas são.

    Treinava para abandonar o rigor, porque senão não sobreviveria. Sempre vivi carente de alguma coisa. Inquieto,querendo tudo de uma vez, lutando rigorosamente por algo mais.

    Estava aprendendo a não ter tudo de uma vez. A viver quase sem nada. Caso contrário, continuaria com a minha visão trágica da vida.
    Por isso agora a miséria não me afetava tanto.”

    Pedro Juan Gutierrez

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