[vc_row][vc_column][vc_message]”Há coisas que o sujeito não confessa
nem ao padre, nem ao psicanalista , nem
ao médium depois de morto”.[/vc_message][/vc_column][/vc_row]
Categoria: Textos
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Pérola do dia: Nelson Rodrigues
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O Fio da Literatura – Pedro Juan Gutierrez
[vc_row][vc_column][vc_column_text]” “… –Vai deixar tudo isso? -Vou.Não serve para mais nada.
-Ah, serve sim.Essas sandálias de borracha, o xampu, os restos de sabonete.Aqui tudo serve, mesmo que seja lixo para você.
-Tá bom, a gente põe num saco e você leva.Logo depois, passeávamos pelo Malecon, nos despedindo para sempre…
Nunca mais nos veríamos.Ela já havia me dito que lhe doía muito ver tanta miséria e tanta encenação política para dissimulá-la.Por isso não queria voltar nunca mais.Nos sentamos um bom tempo para escutar o mar do caribe.Ela sentia o cheiro do mar.Eu não.Talvez meu olfato já esteja acostumado.Eu gosto de escutar o mar no Malecon, tarde, no silencio da noite.
Nos beijamos e nos despedimos.
Sai caminhando, carregando o saco dos restos deixados… até minha casa. Devagar. Me sentia bem. E continuei caminhando lentamente, sem olha para trás.”Pedro Juan Gutierrez – Trilogia Suja de Havana.
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Poesia | A trilha dos animais selvagens
[vc_row][vc_column][vc_column_text]A trilha dos animais selvagens
A escuridão dos seus olhos,
a linha perversa do seu rosto
Armadilha macia
odorosa
e armadilha doce
aos poucos é esquecidaTrilha Furacão
com escombros em excesso
a caminhar através da montanha impenetrável,
perseguir o caminho dos animais
até que eu me perca as profundezas
da solidão
exaustoEu nem sei onde estou
ou como voltar
As trilhas são apagadas na mata
Imensa e surpreendente
A estranha escuridão dos seus olhos
A noite cai.Pedro Juan Gutierrez
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Fio da Literatura – Pedro Juan Gutierrez
[vc_row][vc_column][vc_column_text]” Dei umas voltas na cidade para me localizar um pouco. Havia menos policiais do que em Havana. Sempre foi assim. Nas capitais, ajustam melhor o mecanismo
Nas cidade grandes o povo é muito inquieto.Já de noite fui para casa de uns amigos. Os únicos que tinha ali. Hayda e Jorge Luís. Ela e eu tínhamos um romance erótico, longo e intermitente, fazia quase vinte anos. E evidentemente já éramos além disso, bons amigos. Agora ela estava casada com Jorge Luis havia quatro anos.
Fazia vários meses que eu não via Hayda. Na última vez que conversamos ela já estava em crise com aquele homem. Não poderiam ter filhos. Ele vivia louco de amor e possessão ( dois conceitos que no tropico se confundem com muita frequência, o que da origem a boleros e crimes passionais). E tinha ciúmes dela como um louco.
“Ele não me deixa viver”, me disse ela. Por aqueles dias ele a surpreendeu num parque conversando com um sujeito que passou braço sobre seus ombros e lhe deu uns apertões.Jorge Luis foi pra casa, pegou uma faca e ameaçou ao logo de toda a rua, gritando como um possesso. Quando chegaram em casa ela pegou outra faca, enfrentou-o, gritou com ele também e assim conseguiu controla-lo. Tudo terminou na cama, porque o sujeito se excitou quando ela tirou a faca da mão dele e o esbofeteou para acabar com seu ataque de histeria.
A partir daquele momento ela dominou a situação e passou a fazer o que ela tinha vontade, sem interferências”.
Pedro Juan Gutierrez.
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O Fio da Literatura-Pedro Juan Gutierrez.
[vc_row][vc_column][vc_column_text]“Mas a diretora da radio – era uma negra filha de Oxum, mas falava alemão e gosta de passar por elegante e comedida – me dizia que aquelas notas eram corretas e sensatas. sempre as qualificava do mesmo jeito. E isso era insuportável.
Desde então me incomodam muito essas duas palavras: correto e sensato. São falsas e pedantes. Servem para ocultar e mentir. Tudo é incorreto e insensato.
Toda a história, toda a vida, todas as épocas foram incorretas e insensatas. Nos mesmos. Cada um de nós, por natureza, é incorreto e insensato, só que nós reprimimos para voltar para o cercado como boas ovelhas, e aplicamos rédeas e mordaças em nós mesmos”.
Pedro Juan Gutiérrez.
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Palavras do Mestre – Bukowski
[vc_row][vc_column][vc_column_text]
SEM CHANCE DE AJUDA
Há um lugar no coração que
nunca será preenchidoum espaço
e mesmo nos
melhores momentos
e
nos melhores
temposnos saberemos
nos saberemos
mais que
nuncaha um lugar no coração que
nunca será preenchidoe
nos iremos esperar
e
esperarnesse
lugar.Charles Bukowski
Obra: Essa Loucura Roubada Que Não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo Amém.
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Todas Mulheres Em Mim Poesia | Claudia
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Claudia
Dias atrás Claudia pediu a separação
E tudo foi tão amigável e limpo
O amor afina
O amor acaba
O amor…
Como uma goteira que se termina
Tinha certeza que era o melhor a fazer
Para ela
Para o filho
Para o destino
Marido deixou para trás os bens adquiridos
Queria apenas poder ver o filho
Tudo bem?
Claudia tranquila
Claudia certeza
Claudia seguia
Mas todas as estradas são impermanentes
Noites de solidão
Desagravos e desagrados semeando incertezas
Um serrote esquecido num canto
Tempo passando
Seu ex-marido se refez rápido demais…
Claudia que estava tão tranquila, não
Aquela felicidade a incomodava
Claudia sozinha e filho
Claudia inveja
Claudia vingança agora
O céu turvou-se de tempestade
Cegueira ferina depois
Indignidade de doentia
Ela usa o filho agora contra o pai
Culpando-o de todas a suas dores
Claudia cava o próprio abismo
Claudia carinhos de orgulho
Claudia tornando tudo pior
Me aproximei de Claudia
Perguntei: Claudia porquê?
Ela rosnou para mim
Seu silencio destilando desespero
Eu queria que ela se visse
Mas não aconteceu ainda
Simplesmente as vezes
Não há nada que possa fazer.
O inimigo é tão intimo
Que não o vemos.
Fio da Navalha
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