Categoria: Textos

  • Rogério Skylab – Janelas

    Rogério Skylab – Janelas

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    Houve um tempo que das janelas

    Se viam os campos, o mar ao longe.

    Olhavam-se os telhados das casas.

    Avistava-se o vizinho defronte.

    Surgiram depois outras janelas.

    A televisão ligada.

    A janela de um ônibus correndo,

    De um carro numa estrada erma.

    Me lembro da janela do colégio

    Aberta e o professor desaparecendo…

    Do Micro diante do meu filho.

    Janelas de todos os feitios.

    Como setas que nos enviam pra longe.

    Para um mundo sem fim nem começo.

    Autor:Rogério Skylab
    Da obra: Debaixo das Rodas de um Automóvel

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  • Náufragos urbanos – Martin César

    Náufragos urbanos – Martin César

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    Nós somos náufragos urbanos
    Somos a parte dessa arte
    Que ficou fora dos planos
    Nós na verdade sempre estamos
    Fora das leis de mercado
    Longe dos padrões mundanos

    Mas quanto vale a poesia?
    E, afinal, quem pagaria
    Por uma canção urgente…
    Que seja como a juventude
    Quando surge a inquietude
    De um caminho diferente?

    Nós somos náufragos urbanos
    Somos o avesso, o pé esquerdo
    O desespero dos tiranos
    Nós na verdade sempre estamos
    A nadar contra a corrente
    E nem à força nos calamos

    Mas quanto vale a poesia?…

    Nós somos, sim, o passo errado
    O descompasso, a imprecisão
    A perdição dos bem criados
    Mas mesmo assim, o engraçado
    É que pensamos que ser livre
    Não nos parece ser pecado

    Martin César

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  • Reinaldo Arenas – Aquela criança de sempre

    Reinaldo Arenas – Aquela criança de sempre

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    Sou esse menino desagradável,
    sem dúvida inoportuno,
    de cara redonda e suja,
    que fica nos faróis,
    onde as grandes damas tão bem iluminadas,
    ou onde as meninas que parecem levitar,
    projetam o insulto de suas caras redondas e sujas.

    Sou uma criança solitária,
    que o insulta como uma criança solitária,
    e o avisa:
    se por hipocrisia você tocar na minha cabeça,
    aproveitarei a chance para roubar-lhe a carteira.

    Sou aquela criança de sempre,
    que provoca terror,
    por iminente lepra,
    iminentes pulgas, ofensas,
    demônios e crime iminente.

    Sou aquela criança repugnante,
    que improvisa uma cama de papelão
    E espera, na certeza,
    que você me acompanhará.

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  • Os Amantes – Julio Cortázar

    Os Amantes – Julio Cortázar

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    Quem os vê andar pela cidade,

    Se todos estão cegos

    Eles se dão as mãos

    E algo falam entre seus dedos

    Línguas doce

    Lambem úmida palma

    Correm pelas falanges

    E acima esta a noite

    Cheia de olhos

    São os amantes

    Sua ilha flutua a deriva

    Rumo a mortes de relva

    Rumo a portos

    Que se abrem entre lençóis

    Tudo se desordena

    Através deles

    Tudo encontra

    Sua cifra escamoteada

    Mas eles

    Nem sequer sabem

    Que, enquanto rolam

    Na sua amarga areia

    Há uma pausa

    Na obra do nada

    O tigre é

    Um jardim que brinca

    Amanhecem

    Os caminhões de lixo

    Os cegos começam a sair

    O ministério

    Abre suas portas

    Os amantes, exaustos

    Se olham e se tocam

    Mais uma vez

    Antes de cheirar o dia

    Já estão vestidos,

    Já vão para a rua

    E é só então,

    Quando estão mortos

    Quando estão vestidos,

    Que a cidade

    Os recupera, hipócrita

    E lhes impõe

    Suas obrigações cotidianas

    Julio Cortázar

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  • Saudade do Futuro

    Saudade do Futuro

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    Quando a distância parece próxima

    A verdade segreda

    Ao ouvido

    Nos silêncios que se aglutinam

    Ao orvalho e as teias matinais

    Sinto falta do que ainda não aconteceu

    Dentre o momento mais só

    A impossibilidade do porvir

    Intimidade e vertentes

    Como um pensamento vago

    Mas que não vaga

    De tudo que não aconteceu

    Estes sorrisos que ainda não foram dados

    Beijos que ainda não molharam lábios

    Despedidas que virão

    Quando?

    Gosto ainda não sentido, da comida ainda não inventada

    Mares que andaremos, quem sabe…

    E destinos que ainda não foram desvelados

    Saudade de partir

    Saudade do reencontro

    Saudade de chegar onde eu ainda não sei

    Como partes que se desfazem e continuam inteiras

    Visgos entrementes

    Da extrema sutileza

    Da vinda que ainda não veio

    Dos verões de amanha

    Saudade da cura

    Da brisa

    Saudade de um tempo que ainda não veio

    Saudade do que eu desconheço

    De planos não feitos

    Das lacunas

    Hiatos

    E silencio

    Saudade muda.

    Muda

    Muda.

     Luís Fabiano.

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  • Sem Chance de ajuda

    Sem Chance de ajuda

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    Há um lugar no coração que

    Nunca será preenchido

    Um espaço

    E mesmo nos

    Melhores momentos

    E

    Nos melhores

    Tempos

    Nós saberemos

    Nós saberemos

    Mais que

    Nunca

    Há um lugar no coração que

    Nunca será preenchido

    E nós iremos esperar

    E esperar

    Nesse

    Lugar.

    Charles Bukowski
    Essa loucura roubada
    Extraído da obra :
    Que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém.
    
    

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  • 13 de maio abolição sem liberdade

    13 de maio abolição sem liberdade

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    13 de maio abolição sem liberdade

     

    A discriminação racial funciona para os brancos como calçados que usam para correr contra negros descalços. Torna a corrida tranquila para os primeiros e extenuante para os últimos. (Rafael Guerreiro Osório, 2008)

     

     

    Uma data forçada

    Um acordo imposto

    Uma realidade mantida

    Uma desigualdade perpetuada

    13 de maio uma assinatura que não muda a realidade

    O início de uma corrida desleal,

    Muitos são obrigados a correr descalços

    E alguns são forçados a correr com suas pernas amarradas

    A beleza foi transformada em estigma

    Os deuses em demônios

    Os costumes em folclore

    E o 14 de maio?

    O que fazer com essa liberdade?

     O estudo não foi permitido, nem a posse de terra, nem o cultuar aos deuses

    O que festejar?

    Se constantemente além de deixá-los descalços

    Sua voz ainda é abafada

    Pela ignorância daqueles que não querem respeitar o diferente

    Sua face ainda é ocultada

    Pela arrogância daqueles que não querem olhar o passado

    A arrogância que não deixar perceber que a sociedade, eu e você

    Ainda os calamos

    Não respeitamos o povo que realmente construir essa nação.

    13 de maio  a liberdade para correr descalço em uma longa estrada em busca da cidadania

    * Fotografia de Pecacom, amigo e colaborador do Fio da Navalha.

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