Categoria: Textos

  • Pérola do dia | Buk

    Pérola do dia | Buk

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  • O Fio da Literatura  |  Charles  Bukowski

    O Fio da Literatura | Charles Bukowski

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    “e quando vejo fotos do meu presidente ou ouço ele falar, me dá impressão de ser um palhação descomunal, uma criatura insípida, feita de estuque, com poder de decidir sobre a minha vida, as minhas chances e as de tudo o que é gente.
    E não consigo entender. […] pode-se afirmar, praticamente, que foi a nossa falta de dignidade que colocou esse homem onde ele está – todo país tem o presidente que merece.”
    Charles Bukowski – Fábulario Geral do Delírio Cotidiano

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  • O Fio da Poesia  |  Nada acontece duas vezes

    O Fio da Poesia | Nada acontece duas vezes

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    Nada acontece duas vezes
    e nunca acontecerá.
    Nascemos sem experiência,
    morreremos sem rotina.
    Mesmo se fôssemos os alunos mais desajeitados
    do mundo na escola,
    nunca mais revisaremos
    nenhum verão ou inverno.
    Nenhum dia se repete,
    não há duas noites iguais,
    dois beijos que dariam o mesmo,
    dois olhares nos mesmos olhos.
    Ontem alguém dizia
    seu nome na minha presença,
    como se uma rosa de repente caísse
    pela janela aberta.
    Hoje, quando estamos juntos,
    viro o rosto para a parede.
    Rosa? Como está a rosa?
    É flor? Ou talvez pedra?
    E por que você, hora ruim,
    se enreda em um medo inútil?
    Você é, porque você está passando,
    você vai passar – isso é lindo.
    Sorrindo, nos abraçando,
    procuremos nos encontrar,
    mesmo que sejamos diferentes
    como duas gotas d’água.
    Wislawa Szymborska

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  • O Fio da Poesia    |  Um sorriso pra recordar

    O Fio da Poesia | Um sorriso pra recordar

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    Nós tínhamos peixes dourados que ficavam rodando e rodando
    no aquário sobre a mesa perto de panos de pratos encardidos
    cobrindo a moldura da janela e
    minha mãe, sempre sorrindo, querendo que fossemos todos
    felizes, me disse, “seja feliz Henry!”
    e ela estava certa: é melhor ser feliz se você
    pode
    mas meu pai continuava a bater nela e em mim pelo menos uma vez por semana
    enquanto se pisava por dentro com toda sua altura porque ele não podia
    entender o que se passava dentro dele.
    minha mãe, pobre peixe,
    querendo ser feliz, apanhando duas ou três vezes por
    semana, me dizendo pra ser feliz: “Henry, sorria!
    por que você nunca sorri?”
    e então ela pode demonstrar como sorrir, e foi o sorriso mais triste que eu já vi
    um dia os peixes dourados morreram, todos os cinco que havia,
    flutuaram na água, de lado, com seus
    olhos ainda abertos,
    e quando meu pai chegou em casa atirou eles pro gato
    no chão da cozinha e nós assistimos enquanto minha mãe
    sorria.
    Charles Bukowski

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  • O  Fio da Literatura  |  João Ubaldo Ribeiro

    O Fio da Literatura | João Ubaldo Ribeiro

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    “ A mesma técnica de despertar a consciência deve ser aplicada ao caos, bem menos fáceis de achar , em que a mulher resiste seriamente a ideia de ir para cama com outra mulher, nesse ponto as mulheres se beneficiaram do machismo que mitificou as tranas entre mulheres e lhes conferiu um status estético fajuto, muito superior a do homossexualismo masculino. Tanto isso não é natural que durante muito tempo acontecia o contrário na Grécia, acontecia na Roma, antinatural uma conversa, empulhação conciliar, brochura calvinista, veadagem anglicana enrustida, tudo isso e o resto que conhecemos. As mulheres, mesmo as mais quadradinhas, há muito tempo se livraram das culpas por haverem transado com amiguinhas na infância, nem lembram, a sociedade faliforme não dá a menor importância a essas coisas, não são nem transgressões interessantes.
    Nada disso, na verdade, foi apenas outra conferencia, elas me pegam desprevenida. Eu apenas queria mostrar como arrumei o esquema invejável com Paulo Henrique e como fiz dele um homem completo. Já tinha contribuído para muitos casos desses, continuo a contribuir, até com a ajuda dele, mas ele foi total, foi realmente uma escultura. Não tive filhos, mas tive algo que de mais meu, duvido que alguém pudesse ter feito de um filho o que fiz dele, nunca. J era obra para encerrar minha vida. Mas, felizmente, minha vida não se circunscreveu a isso, foi dedicada a minha missão, e eu levei essa missão a consequências possíveis e imagináveis, com uma dedicação que nunca esmoreceu. Eu fiz o bem a muita gente, muita gente, e cheguei ao ponto de dizer isso com orgulho, apenas com contentamento. Eu já falei muito em Deus aqui fica difícil dizer que alguém acredita em Deus e fala tanto de sacanagem. Minha resposta é como se eu dissesse:” desculpe, assim não dá pra conversar”.
    Eu serei a voz de Satanás, sem dúvida. Mas, não, lamento dizer-lhes; lamento mesmo, porque sei que isso vai fazer muitos sofrerem mais do que no inferno, mas eu sou a voz de Deus. Não só porque sou mesmo a voz de Deus. Não sou profeta, muito menos o Messias, mas sou a voz Dele como na teofania do livro de Jó – Onde estáveis, quando Ele criou as fêmeas e os machos e lhes deu como misturar-se livremente uns com os outros? Onde estáveis quando Ele criou todos os mistérios que levam ao Desejo e a tesão e tornam sublimes os abraços?
    Onde estáveis, quando Ele criou as ânsias imortais que agora forcejais por sacrilegamente abafar e matar?
    Onde estais, depois que ELE vou deu o poder do prazer inocente e agora cuspis nesse poder e pretendeis que vossas palavras valham mais que as Dele?
    Eu sou a voz de Satanás, Satanás odeia a luxuria, não é invenção dele, assim como a Bondade. Tanto uma quanto a outra, Satanás usa solertemente para seus fins malévolos. Eu sou a voz d Deus, sou uma das vozes de Deus, eu não estou maluca. Ou por outra, posso estar como qualquer um pode estar, o que faz com que a palavra perca o sentido.
    Eu nunca blasfemei, jamais saiu da minha boca uma blasfêmia, uma queixa contra Ele, só louvor. Minha doença mesmo, minha doença, antes que eu me acabe e ninguém saiba o fui. É um aneurisma no meio do cérebro, inoperável. Sempre esteve ai, só soube faz algum tempo. No começo me assustei, mas não levei dois dias assustada, achei que será uma boa morte, provavelmente rápida. Já deixei instruções para doarem o que puder ser doado e tocarem fogo no resto e socarem as cinzas onde quiserem.
    Mas não era uma boa razão para eu me maldizer e blasfemar? “
    Extraído da obra : A Casa dos Budas Ditosos – LUXÚRIA
    Autor: João Ubaldo Ribeiro
    COLEÇÃO PLENOS PECADOS.

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  • Fio da Literatura | O Contraponto

    Fio da Literatura | O Contraponto

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    Refinados vícios…
    “…ele tinha sempre escolhido o pior caminho, tinha feito coisas perversas, cultivado deliberadamente as suas piores tendências .
    Era com a devassidão que ele distraia os seus ócios sem fim. Estava se vingando dela, e de si mesmo também, por ter sido tão estupidamente feliz e bom. Agia assim por despeito dela, por despeito de si mesmo, e por despeito de Deus.
    Esperava que houvesse um inferno para onde ir e lamentava a sua incapacidade de acreditar na existência dele. Enfim, houvesse ou não inferno, era satisfatório, era mesmo excitante naqueles primeiros tempos sabes que se estava fazendo algo de mau e de errado. Mas há na devassidão alguma coisa tão intrinsecamente monótona, algo tão absoluta e desesperadamente triste, que só os seres raros, dotados duma dose de inteligência muito inferior á habitual e de muito mais apetite do que o vulgar, podem continuar a gozar ativamente o vício e a acreditar na sua maldade.
    A maioria dos devassos é devassa não porque goste da devassidão, mas sim porque sente mal estar quando se priva dela. O hábito transforma os gozos esquisitos em necessidades monótonas e cotidianas. O homem que adquiriu o hábito das mulheres ou da bebida, de fumar ópio ou suportar flagelação, acha tão difícil viver sem os seus vícios como viver sem pão e água, mesmo quando a pratica do vicio se possa ter tornado em si mesma tão despida de sensação como comer uma côdea de pão ou beber um copo de água da pena. O hábito é tão fatal para o sentimento da prática do mal como para o gozo ativo. Depois de alguns anos o judeu convertido ou cético e o hindu ocidentalizado podem comer carne de porco e carne de boi com uma serenidade que para os seus irmãos ainda crentes parece brutalmente cínica. Passe-se o mesmo com o devasso habitual. As ações que a principio se afiguram emocionantes, excitantes na sua maldade intrínseca ,tornam-se, depois de um certo número de repetições, moralmente neutras.
    Um pouco desgostantes, talvez, porque a prática da maioria dos vícios é seguida de reações fisiológicas deprimentes; mas que já não são “más”, porque se fizeram costumeiras.
    É difícil uma rotina dar a impressão de maldade. Privado gradualmente, pelo hábito de seu gozo ativo e também de seu sentimento de fazer o mal(sentimento que tinha sempre uma parte integrante de seu prazer)voltara-se numa espécie de desespero para os refinamentos correspondentes as sensações .Dá-se justamente o contrario, quanto mais refinado é um vicio na sua extravagância estudada, quanto mais anormal e raro é ele, tanto mais monótona e desesperadamente vazia de emoção se torna sua pratica, se torna a sua vida.
    O excessivo refinamento estético e intelectual corre o risco de se cobrado um tanto caro, á custa de alguma estranha degeneração emotiva, pelas baixezas compensatórias do comportamento humano, e por vezes humano demais.
    Aldous Huxley | Contraponto.

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  • Navalhadas Curtas – Se engorda já era ?

    Navalhadas Curtas – Se engorda já era ?

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    Nem sempre a verdade é bonita ou justa, mas que fazer? Somos o que somos e ser justo é sempre escolher o lado a moeda e pagar pra ver.
    A fome me invade a noite, comer algo rápido e fácil e sem trabalho algum? Sim o lanche que preenche nossa vida de alegria e entope as veias.
    Telefonei e no horário indicado fui buscar um bauru. Chego ao estabelecimento e um casal bem tranquilo conversava temas aleatórios.
    Sempre presto atenção nas pessoas seja quem for. Então o rapaz faz uma fala “amistosa”: olha fulana a gente vai comer lanche, mas se tu engordares podes achar outro namorado…
    Sorri dentro de minha máscara pois parecia brincadeira de mal gosto, mas ainda sim uma brincadeira.
    O cheiro da cebola tostadinha aguçava a fome temperos e a fritura maravilhosa dando água na boca.
    Então ela responde: mas amor…eu faço ginastica, academia, pesos e to de dieta…não vou engordar jamais.
    Ele retruca: isso que tu dizes sabes não quero mulher gorda perto de mim…gorda não!
    Então pela entonação notei que a conversa era realmente séria.
    Ele segue falando outros absurdos ao que a moça se justificava em voz baixa sem nenhuma necessidade disso uma vez que ela estava em plena forma já ele…bem…
    No estabelecimento as pessoas apenas olhavam, mas não diziam nada afinal quem mete a colher né?
    Os lanches vieram eles ficaram por ali, o lanche dela era mini para não engordar creio né?
    E o cara seguia sua fala chata enquanto dava mordidas no lanche grande. Uma fala que no meu entender era abusiva desnecessária e mesmo constrangedora.
    Alguns amores são doentios.
    Meu lanche chega embrulhado pego ele está quentinho mas quando estou saindo na porta viro para o casal e digo: moça troca ele por um cara mais magro e mais legal…
    Sai e achei que o cara viria tirar alguma satisfação, mas não ele estava engasgado com o lanche.
    Fio da Navalha.

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