Categoria: Textos

  • O Fio da Literatura | Sem Vergonha

    O Fio da Literatura | Sem Vergonha

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    Esses espinhos fincados
    Esses arames farpados
    Esses dentes fincados
    Esses que ai deitado
    Mostras para mim
    São todos teus?
    São tuas essas armas
    Essas tramas
    Essa grana
    Essas que ai na cama
    Mostras para mim?
    É teu esse pau-marfim
    Esse pau sem tara
    Esses que com essa cara
    Mostras para mim?
    Porque se forem
    Se a resposta for assim
    Tudo é teu
    Menos eu.
    Livro: Sem Vergonha
    Autora: Paula Taitelbaum

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  • Fio da Literatura  | Eu Não Sou Cachorro Não |  Waldik Soriano Tortura de amor

    Fio da Literatura | Eu Não Sou Cachorro Não | Waldik Soriano Tortura de amor

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    ortura de amor foi lançada em disco numa gravação do próprio autor em 1962, mas não alcançou maior sucesso ou repercussão imediatos. Aos poucos porem foi sendo incorporada ao repertorio de outros cantores tornando-se a composição mais gravada de Waldik Soriano.
    Ela tem , entre outras gravações de Cauby Peixoto, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Agnaldo Timóteo , Maria Creuza, Fagner ,Fafá de Belém e um a promessa de Roberto Carlos:” certa vez eu encontrei com Roberto no aeroporto e ele me disse: Waldik, tem uma musica sua que um dia ainda vou gravar. É aquela que diz assim ‘ apareceste afinal / torturando este ser que te adora…’
    Tortura de amor enfrenta problemas com a Censura após a regravação do próprio Waldik 1974. Naquele ano a musica te sua execução e radio fusão pulica proibidas em todo o território nacional. Cantor recorda e protesta “ a censura que existia naquela época era uma censura ignorante. Ignorante e radical e burra. Censurar Tortura de amor!?
    Tortura é uma palavra poética: não me tortura tanto , eu amor… eu vivo torturado por ti… Quer dizer, censuraram a minha música, meu disco não poderia vender, não podia ser executado em radio nem televisão. Eu acho que naquele período, no fundo, havia muito autoritarismo, muito abuso de autoridade.
    Que a a censura era ignorante e burra, o caso Julinho da Adelaide (Chico Buarque ) já o demonstra, mas este abuso de autoridade talvez se explique, no caso da canção de Waldik Soriano, porque a palavra “tortura” – embora com intenção poética – era muito gravida de sentido naquele momento para ser liberada. Recorde-se que após a decretação do AI-5 a pratica de tortura foi peça essencial utilizada pelo regime militar no combate a brasileiros suspeitos de atitudes subversivas ou terroristas.
    A musica censurada:

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  • Pérola do dia | Outra Rodada (2020)

    Pérola do dia | Outra Rodada (2020)

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    Outra Rodada (2020)
    Dir. Thomas Vinterberg

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  • O Fio da Literatura | Eu Não Sou Cachorro Não | Sobre Odair José

    O Fio da Literatura | Eu Não Sou Cachorro Não | Sobre Odair José

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    “…no ano seguinte, a Philips voltou a enfrentar mais um seria problema com a censura, desta vez, porem em relação ao samba
    Apesar de Você, de Chico Buarque, que num primeiro momento também foi liberado, chegou as paradas de sucesso, sendo depois decretada a sua proibição e consequentemente o recolhimento das lojas.
    Mas o que quer enfatizar aqui é que, embora a memoria produzida sobre aquele período destaque apenas a repressão politica – que no campo da musica popular tem em Apesar de Você um exemplo frequentemente citado – vê-se pelo caso da musica Je t´Aime… Moi nom Plus que a repressão moral atuava com a mesma intensidade.
    No rastro da chamada “defesa da moralidade e dos bons costumes” diversos artistas populares tornaram-se alvos da censura do regime. Como demonstram os episódios que envolveram o cantor Odair José.
    “ O que rolava antigamente na música popular brasileira era o namoro de portão sob a luz do Luar – diz ele eu vim falando de cama, de pílula, de puta, de empregada doméstica, porque essa é a realidade do Brasil. Eu sou um grande cantor da realidade. Eu não sou um cantor de sonhos. Eu sempre digo isto para as pessoas: não ouçam meus discos esperando ouvir sonhos; vocês vão ouvir a realidade. Então foi por isso que eu me tornei um artista polemico e a censura começou a me proibir”.

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  • Pérola do Dia  |  Nelson Rodrigues

    Pérola do Dia | Nelson Rodrigues

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  • Navalhadas Curtas: Salvação hipotética

    Navalhadas Curtas: Salvação hipotética

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    Fui na padaria buscar uns pãezinhos para o café. Pão novinho é bom, cheiro de pão, já estava salivando e imaginando na manteiga se desmanchando na superfície do pão.
    Comer é bom e isso ninguém deve negar. Os pecados capitais em sua maioria são ótimos…é que o pessoal exagera na quantidade.
    Entro na fila do caixa, duas senhoras a minha frente conversam escandalosamente em um comportamento descuidado, usando aquela máscara “de” pescoço e falando da vida alheia enquanto a saliva voava para todos os lados.
    Quando me liguei da situação dei dois passos atrás…senti cheiro do negacionismo. Gente perigosa.
    Então quando a senhora mais agitada deu-se conta que me recuei ela virou-se para mim: O senhor fique tranquilo, eu não tenho COVID não!
    Respirei profundamente: Sim senhora eu sei…mas distanciamento é uma regra…
    Ela fica irritada, faz um muxoxo* e vocifera: Senhor fique bem tranquilo eu estou com Jesus no coração e quem tem Jesus não pega Covid! Entendeu? Jesus me protege de tudo!
    Negacionista com fanatismo religioso. Coquetel perfeito para meu silencio ensurdecedor.
    Que poderia dizer que não fosse perda de tempo?
    Fiz meu sorriso amarelo através da máscara e felizmente a fila andou rápido.
    Ela foi atendida e foi embora levando “Jesus” e o rancor em alguma parte do corpo.
    Existem vírus que ainda não inventaram a vacina.
    *Estalo que se dá com a língua e os lábios, à semelhança de um beijo, para mostrar desdém ou pouco caso em relação a pessoa ou coisa.
    Fio da Navalha.

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  • O Fio da Literatura |  Wanderley Alves dos Reis | O Wando |e a Ditadura

    O Fio da Literatura | Wanderley Alves dos Reis | O Wando |e a Ditadura

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    “Mas qual a lembrança que o cantor teria dos fatos políticos do ano de 1968, quando era apenas um feirante em Volta Redonda?” Eu não tinha nenhuma noção do que estava acontecendo, até porque naquela época as informações eram mínimas (Estamos falando de Wanderley Alves dos Reis – O Wando).
    A passeata dos Cem Mil, por exemplo era algo totalmente distante de mim. Hoje tenho consciência de que eu morava num barril de pólvora. Me lembro que eu via aqueles soldados e tanques de guerra atravessando as ruas da cidade e tinha muito medo daquilo. Era um negocio que a gente não entendia direito, mas intimidava muito”.
    Com a decretação do Ato Institucional n 5 em dezembro de 1968 a chamada linha dura das forças armadas se consolidava no poder, institucionalizado o Estado Ditatorial implantando em 1964. O regime militar utilizou o AI-5 para levar as ultimas consequências o seu modelo político-econômico, baseado no trinômio: segurança-integração- desenvolvimento e apoiado no grande capital privado e estatal, no aprofundamento da exploração do trabalho, na cassação das liberdades civis e numa rígida censura.
    Mas o pretexto de que se valeu o presidente Costa e Silva para editar o AI-5 foi o que ficou conhecido como o “Caso Márcio Moreira Alves”.
    Na manhã do dia 3 de setembro de 1968, o jovem deputado federal do MDB da Guanabara subiu a tribuna da Câmara para protestar contra a ocupação militar da Universidade de Brasília – fato ocorrido quatro dias antes e que resultou em tiros, espancamentos e prisões de vários estudantes. Refletindo a indignação de diversos setores da sociedade, em que seu discurso, que durou menos de 10 minutos, Marcio Moreira Alves propôs, como forma de protesto, que a partir daquele momento deveria cessar no “Brasil todo e qualquer contato entre civis e militares”. Ele conclamava os pais a proibir seus filhos de participar dos desfiles escolares do 7 de setembro sob o argumento de os estudantes não deveriam sair as ruas ao lado de carrascos que os espancam e os metralham. Mas o orador foi ainda um pouco mais ousado e defendeu que este boicote poderia alcançar também o leito conjugal, sugerindo ás mulheres dos militares mirarem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas que, segundo o texto de Aristófanes, rejeitaram seus maridos para força-los a terminar a guerra contra Esparta.
    E Márcio Moreira Alves acrescentava que esta proposta de greve de sexo deveria ser estendida “as moças, ás namoradas, aquelas dançavam com os cadetes e frequentavam os jovens oficiais. Nos quarteis foi pedida a cabeça de Márcio Moreira Alves…
    O momento do Anuncio do AI-5, feito pelo ministro da Justiça Gama e Silva através de uma cadeia de rádio e televisão, foi vivenciado de forma marcante por diversos artistas da MPB. Chico Buarque, por exemplo, recorda que naquela noite estava em sua casa vendo TV ao lado do ator Hugo Caravana que, quando ministro terminou de anunciar o novo ato institucional, Caravana virou-se para ele e exclamou: Estamos todos fudidos .
    O compositor Geraldo Azevedo, por sua vez afirma que naquele dia ele e o percussionista do show “Pra não dizer que não falei de flores” no Planalto Central.
    Foi uma loucura. Vandré ficou louco não sabia o que fazer e o de ele ser preso nos fez cancelar o espetáculo programado para o Iate Clube em Brasília, tomamos o caminho Rio, Vandré, com pose de Che Guevara parecia alucinado, e Nana Vasconcelos as vezes perdia a paciência e dizia” vou dar umas porradas neste cara”.
    E onde estariam os cantores “cafonas” naquela noite de sexta-feira, 13 de dezembro de 1968?

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