Tag: Escritor

  • O Fio da Literatura  |  Rubem Fonseca

    O Fio da Literatura | Rubem Fonseca

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    Fico na frente da televisão para aumentar o meu ódio.
    Quando minha cólera está diminuindo e eu perco a vontade de cobrar o que me devem eu sento na frente da televisão e em pouco tempo meu ódio volta.
    Quero muito pegar um camarada que faz anúncio de uísque. Ele está vestidinho, bonitinho, todo sanforizado, abraçado com uma loura reluzente, e joga pedrinhas de gelo num copo e sorri com todos os dentes, os dentes dele são certinhos e são verdadeiros, e eu quero pegar ele com a navalha e cortar os dois lados da bochecha até as orelhas, e aqueles dentes branquinhos vão todos ficar de fora num sorriso de caveira vermelha. Agora está ali, sorrindo, e logo beija a loura na boca.
    Não perde por esperar.”
    RUBEM FONSECA

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  • Pérola do Dia  | Marquês de Sade

    Pérola do Dia | Marquês de Sade

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  • Fio da Literatura | Mandrake | Rubem Fonseca

    Fio da Literatura | Mandrake | Rubem Fonseca

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    “ E qual é o problema Mandrake? Estou morrendo de saudade , você acha que a gente podia se encontrar? Ai na sua casa? Eu sou um fraco, não consegui dizer não.
    Quando ela chegou, não começamos imediatamente a nos beijar, como fazíamos sempre. Você acha horrível eu ter sugerido um encontro? Meu marido está sepultado há poucos dias e aqui estou eu pronta para ir para a cama com outro homem. Depois de um beijo ardente ela continuou, mas eu te amo, Mandrake, seria hipocrisia esconder os meus sentimentos, que não tem nada de pecaminoso, o amor redime, eu me sinto pura. Eu disse. Mariza você sabe que não tive nada a ver com a morte do teu marido, certamente alguém roubou minha bengala durante a festa que ofereci a condessa.
    Na cama depois deum intervalo, ela perguntou, não deve ter sido fácil a pessoa sair com a sua bengala sem que ninguém percebesse, você não acha? A luz da mesinha de cabeceira estava acesa. Mariza gostava de fazer amor com luz acesa, toda mulher que tem o corpo muito bonito age assim, as outras, as que tem seus pneuzinhos (nenhum problema quanto a isso), gostam da penumbra, quando mais sombra melhor.
    Com a luz refletida no rosto de Mariza pude perceber que ela escondia alguma coisa. Suspeitava de mim?

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  • O Fio da Poesia  |   Paula Taitalbaum

    O Fio da Poesia | Paula Taitalbaum

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    Por trás daquela persiana
    Esconde-se um insano
    Insensato
    Mundano
    Com seu modos
    Mudos
    Sujos
    Não Vejo
    Mas percebo
    Que dentro daquela janela
    Mora
    Chora
    Devora
    Uma fantasia
    Um alimento
    Da imaginação
    Que se cria
    Numa tarde de tesão.

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  • Pérola do Dia | Nelson Rodrigues

    Pérola do Dia | Nelson Rodrigues

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  • Navalhadas Curtas: Baile de Máscaras !

    Navalhadas Curtas: Baile de Máscaras !

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    Estacionando próximo a praça Coronel.
    Uma grande movimentação e aglomeração. Não sei do que se trata, eram meninas de 18 a 20 e tantos anos, aproximadamente umas 15.
    Que estaria acontecendo?
    Fiquei ali aguardando os acontecimentos, talvez fosse um curso?
    Talvez um encontro em tempos pandêmicos?
    Claro atualmente tudo pode, a saturação da doença leva-nos ao descaso da indiferença de uma cura ainda equidistante.
    Elas seguiam ali, então percebi algo que precisei olhar pela segunda vez: as moças estavam se beijando no rosto de máscara?
    Encostando a mascaras infectas umas às outras como quem encontra velhos amigos? Dentro da normalidade?
    Sim…e curiosamente depois do beijo vinham abraços? Fortes e apertados?
    Para além da toda a razão o que temos de simplório e humano parece prevalecer sobre toda a saúde e possivelmente sobre qualquer coisa. Tempos que vivemos atualmente onde a ciência é totalmente ignorada, tal qual a idade média!
    E tudo ficou assim e ficará assim por enquanto.
    Me preparei para ir a destino, tenho outras coisas pra fazer.
    Fio da Navalha.

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  • O Fio da Literatura  |  Eu não Sou Cachorro Não !

    O Fio da Literatura | Eu não Sou Cachorro Não !

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    “ Havia três pessoas em minha cidade cuja lembrança eu trago até hoje comigo. Eu cresci observando aquelas pessoas. Não sabia por que, mas sempre que eu cruzava com uma delas na rua , eu parava e ficava olhando. Eram três pessoas conhecidas por todos da cidade: Lilita, Cafezinho e o poeta Alberto David.
    Lilita era uma velha senhora solteira que morava nunca casa simples próxima á zona do meretrício. Ela nunca sorria e tinha uma outra característica muito singular: andava sempre com todo o corpo coberto de panos, um por cima do outro. Tal qual as mulheres muçulmanas, Lilica se cobria dos pés á cabeça. De Lilita, ninguém da rua jamais viu os cabelos ou as pernas. Apenas uma parte de seu rosto ficava a mostra.
    Sobre todas as peças de roupas, Lilita ainda colocava cobertores de lã. Fazia sol ou chuva, frio ou calor, e lá vinha ela toda coberta de panos andando pela cidade. Os meninos da rua atiravam-lhe pedras e chamavam de louca louca…
    Cafezinho era o mendigo mais conhecido da cidade. Vagava sempre sozinho pelas ruas com um velho caneco na mão pedindo café. Da sua boca ouve-se apenas uma palavras, um quase murmúrio: café, café, café…Sujo descalço , rasgado, barbado e banguelo, a imagem de Cafezinho se prestava para que as mãe ameaçassem chama-lo quando uma criança não queria se alimentar ou tomar remédio. Mas quando alguém esquecia a porta da casa aberta, as vezes se surpreendia mesmo com Cafezinho em um canto da sala, de caneco na mão, pedindo café. Era uma figura soturna e silenciosa.
    Alberto David era um jovem poeta da cidade. Na minha lembrança a sua figura se parece com a imagem que nos temos de Jesus Cristo :alto e magro, de face fina, cabelos longos e barba. Era um rapaz de semblante muito triste que procurava expressar em palavras o que muitos sentiam sem conseguir fazer. Por vezes caçoado, humilhado e ofendido, andava sempre sozinho e cabisbaixo, recitando poemas pelas ruas da cidade.

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